(...)

"Verdade intrínseca, relacionada ao inteligível, intelecto plausível de meu ser... À essência."

abril 06, 2017

cinzas ao mar.

Oi, tudo bem?

Tudo, tudo bem é algo muito relativo. Mas eu acredito, hoje, que realmente esteja tudo bem. Caso ainda não esteja, bom... O tempo revelará.
Me vem um frio na barriga, ao pensar em escrever sobre isso, mas foi um impulso que recebi então... O que pretendo narrar aqui, pouco sei sobre alguém ler, mas sei que será a minha carta para o meu mais profundo íntimo. Em um intuito de tentar visualizar com clareza e renovar o que tiver que ser renovado.

Me sinto no limbo. Emocional.

Não, não estou deixando de sorrir ou caindo em prantos, mas esse estado é tal qual olhar de cima de uma pedra, o mar. O horizonte e tudo o que pode existir por lá.
Minha vida toda foi uma luta constante pelo apego, em relacionamentos baseados em tapa-buracos e na fuga constante do que eu realmente queria ou que sentia.
Comecei, dentro de mim, com a mentira de que poderia suportar qualquer coisa para estar com alguém... Desde que aquela pessoa me aceitasse e me visse como sou. Mas o grande detalhe está aqui: ela me viu como eu sou e também viu o que eu estava disposto a suportar... Ou seja, o que eu não era.
Dentre os tombos e solavancos desse ônibus, eu sentei na janela, olhei a paisagem e vi o abismo... Mas me encantei com ele e achei que não estaria lá... Exatamente, naquele rio que eu observava de cima do penhasco e que achava que não era frio o bastante. É frio e bem... Chega a congelar os ossos.

Eu segui, dentre uma série de imaturidades e impulsos, na tentativa de sair dele, me erguer e tentar encontrar um canto quente e um aconchego. Estava fragmentado... E bem, me deparei com outro ser assim. Nos ajudamos e nos amamos, mas também tapamos grande parte dos nossos buracos e eu segui na ilusão de suportar, mais uma vez o que não podia: o que eu não sou. Mas veja bem, não digo sobre uma mentira mesquinha sobre inventar qualidades que não tenho... Não... Digo sobre mentir pra si mesmo, achando que nada pode me atingir ou incomodar, pois eu sou aceito por alguém!
É. Foi isso que me prendeu e durante esse processo de saída do rio, montamos nossa fogueira e rimos, contamos histórias, nos conhecemos, mas no fundo... Bem lá dentro, sabíamos o que aconteceria se as coisas continuassem da forma como estavam. Aconteceu.

Me vi só e na tentativa absurda de não me despedaçar de novo, entrei no rio. Dessa vez, já sabia o quão frio ele era e o quanto poderia suportar, mas o principal: sabia que tinha que sair dele, agora... Por conta própria.
Comecei essa peregrinação. Encontrei outras pessoas que também olhavam para dentro de si e viam, em seus rios gélidos, a necessidade de se levantar e caminhar. Montar uma fogueira, respirar e se aquecer, mas sem tapar seus buracos... Isso é bem difícil, mas qual a força que damos pra isso?
Encontrei uma família que me acolheu. Me aceitou do jeito que eu sou e me mostrou que não é fugindo que se resolve algo, mas sim, percebendo o momento preciso do ciclo presente no espaço-tempo que vivemos. E a partir disso, desse sutil momento, trabalhar na cura.

Alguns meses já se passaram depois que soube que deveria sair do rio e sai dele. Ainda possuo resquícios de suas águas gélidas e também retorno a sua margem com meus hábitos infundados em uma verdade maior que quero seguir e acreditar. Plena.
Me encantei novamente... E dessa vez por uma alma que monta sua própria fogueira e cuida com muita calma e delicadeza dos seus próprios buracos. Me encantei até saber que estava prestes a repetir os mesmos hábitos (se não os mantive). Até perceber a arte do desencanto e sua necessidade mais uma vez.

O fato de estar me sentindo no limbo é porque quero, constantemente, buscar por padrões que desejo abdicar e por saber que agora é tudo novo. Como o primeiro dia na próxima série. Como o primeiro interesse sobre ir em algum lugar. A primeira emoção ao sentir os lábios se tocarem (não, não deixo a carência agir aqui)... Como o primeiro dia de uma vida que tende a ser a jornada, tal qual os jogos que sempre encontrei a maior diversão. Dessa vez, não é um personagem montado, mas eu sou o protagonista disso tudo. E eu sei... Tenho esses conceitos até nítidos na mente, mas a prática é que vai com muita calma.

Acho que tentar escrever para enterrar algo, bem, não é o meu forte. Então, eu deixo as cinzas do que tudo isso já foi para o mar. É nele que está todo o poder e dele vem o frescor que alimenta o meu peito nessa nova jornada.
Ainda insisto em alguns padrões... Ainda vou. Mas sei que vou perseverar...

E o que quero dizer com isso tudo? Não que precise de um desfecho incrível para um monte de palavras soltas. O que quero dizer é que preciso orar. Ter fé e paciência. Hoje me sinto na fogueira novamente, bem, ao lado dela. Amanhã, pode ser que eu suba um pouco mais desse penhasco que caí. E o tempo dirá o quanto subirei... Talvez eu não perceba, talvez eu siga na trilha em um outro ônibus, mas dessa vez, mais seguro quanto a condução.

Talvez não, com certeza.

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