Enfim, a sós.
Eu voltei a escrever com afinco. Deixei a poesia e os versos fluírem por minha mente até refletir no digitar de cada tecla ou toque. Regojizo-me ao saber que o efeito disso auxilia amigos, familiares, mas mais que isso, a mim. Voltei a colorir meu caderno e o meu jardim interno, onde vejo, não um jardim, mas um campo lindo e no fundo está o mar. Sim, sou amante das águas e não mais temeroso das tormentas, sei que a bonança chega à todos e que mar calmo, não necessariamente, resulta em um marinheiro apto a navegar por onde bem entender.
Acho que o primeiro passo está em admitir para si o que buscamos fugir, para a partir daí, conseguir tocar na ferida e trabalhar constantemente em algum tipo de solução. As vezes, é bom lembrar, que o tempo é o maior medicamento e, bem, natural. Nos resulta nas mais longínquas viagens e nos mais profundos mergulhos. Somos prisioneiros e libertados, ao mesmo momento e o que muda é a sutileza que consiste a percepção do que é prisão e do que é a vastidão que nosso ser pode atingir.
Afirmo isso com a certeza de que estou aprendendo, bem aos poucos, o que é o amor próprio. E nessa forma de caminhar pela corda bamba, o equilíbrio é o meu próprio contato com o Deus que habita em mim. Falar com Deus, conversar com ele, pedir ajuda e força para seguir nesta jornada. Respirar a cada repetição que não seja benéfica e não desistir. Mesmo na prisão social que nos encontramos, possuímos a chance diária de fazer, em nosso agora, a diferença que pensamos estar tão longe... Como mencionei, é a sutileza que distingue o que nos separa do nosso próprio espelho, que se não o outro, nós (o ego).
E de tantos momentos sutís, é com muita leveza que devemos realizar essa peregrinação. Ser firme durante as tormentas do mar bravo e manter a calma e a tranquilidade para qualquer desafio vindouro. Estamos em uma viagem e bem, em algum momento chegaremos ao nosso destino. A nossa passagem solo, mas bem acompanhada e amparada (de acordo com nossa postura durante essa travessia).
Nos prendemos a muitos detalhes superficiais e esquecemos que a vida acontece no desapego. Na dinâmica constante das moléculas que compõem cada parte de nossa matéria e cada pedaço do todo à nossa volta. Somos pó estelar e à ele retornaremos. Mas o que deixaremos registrado, molecularmente ou não, a quem amamos e queremos o bem?
Essa é a pergunta que hoje, percebo a importância de realizar e dizer que o desapego não depende, exclusivamente da dor, mas da intensidade que colocamos em cada momento que o nosso Eu registra. Cada saudade de revisitar certas alegrias ou sustâncias que insistimos em acreditar que suprirá nossas necessidades do agora. Ainda estamos sobre a força do tempo! E o passado não condiz com o presente, muito menos o futuro, o qual mal sabemos no que resultará.
Viver o aqui e o agora é um exercício diário. E a vida nos chama, à cada instante, para aproveitarmos as percepções que podem nos auxiliar, seja durante a peregrinação ou ao fim da jornada. Portanto, como uma carta de amor, aproveite essas sutilezas que és capaz de perceber. Se tu se achas incapaz disso, respire fundo e pense na calmaria e tranquilidade, quanto a tua matéria e quanto aos teus pensamentos. Assim, poderás bloquear o dispensável e permitir que o necessário permeie teu ser com as sementes de luz e amor que tu realmente precisas.
E se ainda insistires em morder a própria cauda, tal qual a cobra que remete ao eterno retorno, bem... Saibas que a mesma força que tu usas direcionada a isso, pode também impulsionar-te para fora desta grande roda que não cessa, até tu permitires seu fim.
Daí, creio eu, conseguiras ver o que realmente importa e o teu estado natural: a felicidade. O sorriso que emanas quando estás em paz, a verdade nas palavras de quem não deseja mentir mais, a serenidade em cada momento e movimento em relação ao outro e o principal, a fé e o amor para consigo e com o Todo.
Que habita em nós,
Agora e após,
E a qualquer ser que respira deste poder.
R.
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